Em um prazo de 120 a 180 dias o prédio do Paraíba Palace Hotel estará funcionando completamente restaurado. A garantia foi do diretor presidente do prédio, Ermano Targino, que frisou. "Não há a menor possibilidade do prédio cair porque sua estrutura foi bem construída". Após as alterações, o local deverá ser denominado de Palace Trade Center.
No último sábado tiveram início os primeiros serviços de recuperação do Paraíba Palace Hotel, edificação que faz parte do patrimônio histórico da Capital, e que segundo o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep), José Octávio de Arruda Melo, necessita de cuidados.
Segundo Ermano Targino, na semana passada, uma marquise que apresentava rachaduras foi retirada do local. "Iniciamos também a restauração do beiral da marquise e do teto do primeiro piso, fazendo reboco e tratamento na ferragem que estava exposta", explicou.
O diretor presidente da antiga edificação histórica afirmou que após a restauração o "Paraíba Palace Hotel reviverá seus anos de glória". No terceiro andar, por exemplo, a intenção é de que volte a funcionar o restaurante panorâmico. As demais repartições vão funcionar como salas comerciais.
"Estamos pensando em recolocar na torre do prédio um relógio que existia antigamente, mas que, com o tempo, foi se deteriorando", declarou Targino.
As colunas de mármore existentes na frente da edificação, hoje sujas e encobertas por cartazes, também serão restauradas. Na próxima semana Ermano explicou que as obras vão ocorrer no telhado, que está parcialmente destruído.
"As telhas de amianto que existem hoje foram colocadas há vários anos para servir de apoio à instalação de energia solar, no período em que o prédio funcionava como hotel. Como estamos pensando em transforma-lo em uma área comercial, isso não será necessário. Na coberta poderá ser usada telha de cerâmica", acrescentou.
Será realizado ainda um trabalho de pintura que seguirá os tons pastéis que segundo Ermano é a cor original do prédio histórico. Tudo isso para que as características originais dos tempos de outrora sejam mantidas.
Projeto vai ser entregue ao Iphaep
O diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep), José Octávio de Arruda Melo, declarou que ao visitar as dependências do Paraíba Palace Hotel na semana passada encontrou o lugar em estado de abandono. Ele afirmou que até ontem não havia recebido o projeto de restauração por parte do proprietário e que se o documento não fosse entregue, as obras poderiam ser embargadas.
"Alterações desse tipo que envolvem pintura e outros trabalhos têm que ser analisadas pelo Iphaep. Vou solicitar que o nosso arquiteto entre em contato com o proprietário do Paraíba Palace para alertá-lo sobre esta necessidade", frisou José Octávio.
Ermano Targino afirmou que o projeto estava sendo elaborado e que assim que concluísse esse trabalho iria entregar ao Iphaep. Quem está coordenando a obra no prédio, conforme Targino, é o engenheiro civil Paulo Londin.
Ao ser enviado ao Iphaep, o projeto geralmente demora dois meses para ser analisado. Primeiro o documento passa pela Coordenadoria de Arquitetura, depois é enviado a Comissão do Centro Histórico.
A decisão da liberação da obra ocorre no Conselho de Proteção dos Bens Culturais. Segundo José Octávio, mesmo que o projeto não seja aprovado de imediato, poderá sofrer algumas alterações para que se adeqüe às normas exigidas por lei.
Mudanças sofridas ao longo do tempo
O início da construção do então "Parayba Hotel" remonta de 1929, como registra o livro "O Real e o Virtual no Turismo da Paraíba" do escritor Wills Leal. Ao longo dos anos, o hotel construído pelo presidente João Pessoa, teve três inaugurações. Uma em 1933, quando foi ampliado e remodelado, e em 1989 quando foi modernizado por Ermano Targino. Hoje, a edificação é uma lembrança viva da história da Capital paraibana.
Ao ficar pronto em 1932, o hotel não entrou logo em funcionamento porque seu inventor, Gratuliano de Brito, que se responsabilizou pela construção após a morte de João Pessoa, não encontrava profissionais capacitados para colocá-lo em atividade, nem empresa que o arrendasse.
Já em funcionamento, o empreendimento apresentava o que tinha de mais moderno na época como elevador, barbearia e restaurante com cardápio internacional. Durante a guerra, o hotel recebeu desde os militares ligados às bases de Natal e Recife até integrantes de programas promocionais de Getúlio Vargas. Com a reforma atual, Ermano Targino afirma que o hotel certamente reviverá os tempos de glória.
Fonte: O Norte Online