A aerofobia atinge cerca de 45% dos brasileiros que viajam de avião anualmente. Para controlar esse medo, exitem tratamentos e até mesmo cursos específicos para resgatar o prazer de voar
Entre os 50 milhões de brasileiros que viajam de avião anualmente, em média, cerca de 45% têm medo de voar. Conhecido como aerofobia, esse medo é classificado por especialistas como mais um dos problemas da modernidade. Ele pode estar associado a outros tipos de fobia, principalmente de altura e de lugares fechados, e se manifesta de várias formas, desde sensações como um simples mal-estar até a negação total de encarar a viagem. "Cada pessoa é uma pessoa e cada fobia ou medo tem sua razão de ser, de acordo com a história de cada um", explica a psicóloga Mirella Castro, do Instituto Latino-Americano de Programação Neurolingüística. O problema não é o medo em si, mas a sua potencialização, que chega a impedir o sujeito de viajar.
"Medo é normal, faz parte das defesas", diz o psicólogo e professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Antonio Carlos Amador Pereira. O que se deve fazer é procurar relaxar, focar a atenção nos aspectos positivos da viagem, pensar no que se vai fazer quando chegar ao destino, conversar com outras pessoas, ler um livro engraçado, ouvir música suave e desanuviar o pensamento. "Não se trata de não pensar, se trata de focar o olhar em coisas positivas", explica o psicólogo.
O medo de voar não pode prejudicar a vida profissional ou pessoal de quem o enfrenta. Um bom exemplo é o caso do futebolista holandês Dennis Bergkamp, que joga no Arsenal, da Inglaterra. Em seu contrato com o clube há uma cláusula que o desobriga a participar de jogos em que há necessidade de viagens aéreas. O drama o tirou de muitos jogos da seleção holandesa e do próprio Arsenal. Na Copa dos Estados Unidos, em 1994, Bergkamp tentou superar o medo, mas foi a última viagem aérea que ele encarou. Enquanto o resto da equipe segue de avião, ele vai de trem ou de ônibus.
Conhecer o funcionamento de um avião, ter consciência de que os problemas são previsíveis e de que existem funcionários altamente treinados são alguns dos argumentos usados para garantir a segurança do passageiro. A Fundação Valk, uma instituição holandesa, apresentou recentemente um estudo realizado com 5 mil pessoas e voltado para o combate do medo de voar. Os resultados apontaram que a ala feminina teme perder o controle de suas emoções e, principalmente, que o avião caia. Já na ala masculina o medo é de altura e de não poder controlar a aeronave. A boa notícia para todos é que, ainda segundo a pesquisa, em 98% dos casos é possível acabar com essa fobia.
Embora o argumento seja batido e talvez já não funcione para minimizar o medo, ainda vale reforçar: avião é, estatisticamente, o meio de transporte mais seguro que existe. A média mundial de acidentes nos últimos dez anos é de 1,2% por milhão de decolagens. Então, vale a pena relaxar e dar asas à liberdade.
Fonte: Estadão