terça-feira, agosto 24, 2004

NY Times publica matéria sobre planos do Governo Brasileiro para salvar a Varig.

Abaixo, segue a reprodução da matéria do N.Y. Times, assinada pelo jornalista Todd Benson.

Esperando evitar uma falência histórica sob sua supervisão, o governo esquerdista do Brasil está tentando criar um plano para salvar a Varig, a companhia área cheia de dívidas do País. A Varig, cujo nome é uma abreviação para Viação Aérea Rio-Grandense, é uma das companhias mais conhecidas do Brasil.

Mas a empresa de 77 anos enfrenta dificuldades há anos, e agora deve cerca de US$ 2 bilhões ao governo, além de fornecedores e credores, incluindo a GE Capital e o Banco do Brasil. A companhia também teve que devolver vários jatos alugados para seus proprietários nos últimos dois anos porque não podia fazer os pagamentos.

Preocupado com o impacto que um colapso da Varig pode ter na indústria de aviação do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recentemente instruiu seu ministro da Casa Civil, José Dirceu, para criar um comitê incluindo oficiais dos Ministérios da Defesa e Finanças, bem como do Banco Nacional de Desenvolvimento, para traçar um plano de resgate.

Apesar de os oficiais relutarem em discutir detalhes de um possível pacote de resgate, Dirceu disse que o governo pode estar disposto a injetar capital na Varig como parte de uma ampla estratégia para escorar a indústria de aviação do País.

Até recentemente, o governo Lula vinha pressionando a Varig a se fundir com sua principal rival nacional, a TAM Linhas Aéreas, como a melhor forma de salvar a empresa. O Ministério da Defesa, que supervisiona a aviação civil no Brasil, anunciou planos de fusão em meio a uma grande fanfarra em fevereiro de 2003, sugerindo que o governo estaria disposto a acalmar as preocupações antitrustes para garantir a sobrevivência da Varig.

Alguns meses depois, as duas empresas começaram a dividir a venda de passagens e coordenar vôos em algumas rotas nacionais como o primeiro passo. Mas as negociações de fusão fracassaram, principalmente por causa da dura resistência do acionista-controlador da Varig, a Fundação Rubem Berta.

Um fundo beneficente que tem como objetivo representar os interesses dos 15 mil funcionários da Varig, a fundação tem uma longa história de se envolver na administração da companhia e vetar planos financeiros que exigiriam a concessão do controle. Muitos analistas dizem que o que a Varig mais precisa, mais que uma infusão de dinheiro, é uma reforma em sua estrutura de propriedade, para remover a fundação do processo de decisão.

“O verdadeiro problema da Varig não é a falta de dinheiro”, afirmou Carlos E. Albano, um analista aéreo do Unibanco, em São Paulo. “A falta de dinheiro é uma conseqüência da má administração. Eu não quero julgar a fundação, mas os números mostram que eles não fizeram um bom negócio na administração da companhia”.

A Varig foi levada à beira do colapso nos últimos anos, sofrendo com uma economia estagnada e uma moeda fraca, o que aumentaram sua dívida e seus custos em dólares. A companhia registrou 1,8 bilhão de reais (US$ 600 mi) em perdas no ano passado, a segunda maior de uma companhia pública na América Latina em 2003, segundo o Economática, um grupo de pesquisa de São Paulo.

A Varig conseguiu diminuir suas dívidas no primeiro trimestre para 171,2 milhões de reais este ano, de 226,9 milhões de reais em 2003, cortando custos com a ajuda do acordo com a TAM. Mas os lucros continuaram a cair conforme mais passageiros mudaram para a TAM ou para a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, a companhia aérea de maior crescimento que se tornou pública em Nova York e São Paulo em junho.

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