segunda-feira, outubro 25, 2004

Intermares Water Park - O Parque do abandono

Equipamento turístico está fechado há quatro anos. Empresário diz que falta de políticas para o setor turístico ao longo dos anos como motivo do fracasso

Matéria de Cecília Noronha, do jornal O Norte

O prejuízo chega a milhões de dólares. Ferro retorcido e carcomido pela ferrugem, brinquedos aquáticos abandonados e muita água empoçada onde antes existiam as piscinas que recebiam centenas de visitantes, principalmente nos finais de semana. Há quatro anos fechado, o aspecto de ruína do Intermares Water Parque - um dos mais audaciosos equipamentos turísticos das últimas décadas no Estado da Paraíba - anuncia mais um fiasco entre os investimentos frustrados do setor nas últimas décadas. O proprietário aponta a falta de políticas contínuas voltadas ao Turismo durante governos sucessivos como um dos fatores da derrocada. Mas, onde estaria realmente o problema?

No endereço http://feriasbrasil.terra.com.br/parquestema/intermares.cfm, o parque ainda consta como "um oásis de diversão em milhões de litros d'água" e "um dos mais importantes parques aquáticos do Brasil e o segundo maior do Nordeste", diz o texto da página eletrônica desatualizada.

A descrição do local ainda acrescenta que "para os jovens e adultos, as atrações são eletrizantes. O parque ostenta quatro toboáguas com 17 metros de altura, quadras de vôlei aquáticas, quedas livres, corredeiras, várias piscinas enormes, cachoeiras e kamikazes", anuncia. Porém, este cenário agora está literalmente no chão.

A página virtual também informa os "ingressos a R$ 19,95 e R$ 11,95 (menores de 1,30 m)". Porém, na realidade, quem quiser acessar o terreno onde se encontra hoje os restos mortais de uma tentativa de fomentação do turismo no Estado é só entrar na área pela parte de trás, completamente desprotegida de qualquer invasão.

Estudo de viabilidade

O proprietário do Intermares Water Park, Sebastião Quintans, que também é engenheiro eletrônico, explica que o objetivo do parque aquático era suprir uma lacuna que existia na Paraíba, como um equipamento de entretenimento e lazer, além das conhecidas praias.

Segundo o empresário, foi feito antecipadamente um levantamento sobre as potencialidades do setor turístico para ver se o investimento seria viável. "Contratamos um escritório para estudo de viabilidade econômico-financeira, levando em conta os prognósticos de órgãos como IBGE, CTI Nordeste e outros. Havia grande expectativa devido ao Projeto Costa do Sol, que apontava o crescimento de João Pessoa", lembra.

O relatório de viabilidade, segundo Quintans, destacava que a previsão era de uma demanda de cerca de 2 mil pessoas visitantes no Intermares Water Park nos finais de semana. "Mas, o turismo é uma atividade de venda e marketing que não pode ser interrompida, independente de politicagem.

O turismo é do Estado e não do Governo do Estado que está no poder. Havia muita falta de divulgação contínua", garante. "Para se ter uma idéia, hoje, depois desse tempo todo, ainda estamos praticamente na escala zero no que se refere ao Costa do Sol", completa.

E MAIS

Quintans ressalta que 80% dos visitantes do Intermares Water Park era público oriundo de outros estados, principalmente de Pernambuco. Porém, com o tempo, a demanda não foi mais suficiente para manter o esta-belecimento. Sebastião Quintans acredita que, ainda hoje, a Capital não comporta a sobrevivência de um empreendimento como aquele. "Atualmente, o fluxo apresentado de visitantes na Paraíba não comportaria um equipamento turístico com a grandeza de um Intermares Water Park. O Projeto Costa do Sol era fantástico e só algo como esse plano poderia viabilizar um investimento nesse sentido", assegura.

Suporte de outros setores

Para Quintans, outros setores precisariam dar suporte e sustentação a investimentos como o Intermares Water Park. O empresário ainda não tem idéia do que irá fazer com o terreno. "O prejuízo foi incalculável, de milhões de dólares e ainda não conseguimos nos refazer", lamenta. "Eu jamais investiria novamente em atividade ligada ao turismo na Paraíba.

Se fosse hoje, eu apostaria no setor imobiliário para vender imóveis a pessoas de fora que pensam em passar o resto da vida por aqui", diz decepcionado.

Ao justificar a referência feita sobre o setor imobiliário, o empresário argumenta que "João Pessoa está se caracterizando como uma cidade para aqueles que vêm de fora, morar aqui depois de aposentados, ou ainda para quem quer passar temporadas. Assim, as pessoas adquirem imóveis e flats. Em Intermares, por exemplo, é grande o número de pessoas vindas de outras regiões do País. Acredito que já o turista mesmo que vem aqui utiliza a cidade apenas como um apoio para visitação em recife", afirma.

Com relação à água empoçada no terreno, onde ficavam antes as piscinas, Sebastião Quintans garante que o líquido vem sendo tratado através de visitação da Vigilância Sanitária e não há perigos de proliferação do mosquito transmissor da dengue por não se tratar de água limpa.