quarta-feira, janeiro 19, 2005

Paixão de Cristo não terá atores da Globo

Matéria de ALINE OLIVEIRA - Jornal da Paraíba

“Não quero símbolos sexuais na Paixão de Cristo”. A declaração do diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Luís Carlos Vasconcelos, foi a primeira definição sobre o espetáculo Auto de Deus, que acontece todos os anos na semana santa em João Pessoa. Ele se referia à participação de atores globais no elenco com o objetivo de atrair público. O local do espetáculo também deve mudar, mas ainda depende de negociações com a igreja, pauta de uma conversa que deve acontecer ainda hoje entre o diretor e o arcebispo Dom Aldo Pagotto.

A justificativa para a decisão foi a de que o espetáculo perdeu seu caráter sacro com a entrada de atores famosos. “Queremos valorizar nosso artista e fazer um espetáculo bonito, além de abrigar confortavelmente o cidadão”, explicou, se referindo à utilização de espaços mais adequados para o público.

As explicações de Luís Carlos foram prestadas durante entrevista coletiva para apresentação das primeiras definições do calendário cultural da cidade para esse ano, ontem à tarde, no Hotel Globo. Ele falou que a prefeitura vai dar apoio ao carnaval pessoense, sendo que todos os blocos do Folia de Rua serão atendidos com infra estrutura, inclusive as Muriçocas do Miramar, e os que não fazem parte da Associação serão cadastrados. Apesar do problema orçamentário, alguns pontos serão prioridade, como o carnaval tradição, que acontece entre 4 e 6 de fevereiro e vai contar com equipamento de som de qualidade e as arquibancadas alugados pela prefeitura.

Tanto Luís Carlos quanto o prefeito Ricardo Coutinho, que também esteve na entrevista, disseram que a Micaroa está sendo repensada, mas deve acontecer no segundo semestre e em outro local. “Qualquer evento, mesmo que de interesse particular, pode acontecer na cidade, desde que traga benefícios e não atrapalhe a rotina dos cidadãos”, garantiu Ricardo. Assim como a Micaroa, o São João e a Festa das Neves ainda estão sendo planejados e serão realizados em parceria com a Secretaria de Turismo.

Música e cultura de graça em JP

Música e cultura para movimentar os principais endereços públicos de João Pessoa e oferecer diversão gratuita à população. Esse é o objetivo do projeto Curto Circuito, projeto que deve se estender por todos os fins de semana do resto do ano, a partir de amanhã até 27 de dezembro. Estão programadas apresentações de quinta a domingo, com artistas locais em locais de grande fluxo de público.

A programação vai envolver quatro grupos por mês, que vão se revezar entre endereços diferentes a cada fim de semana. Amanhã a Banda 5 de Agosto toca no Ponto de Cem Réis; na sexta a Lagoa recebe a Metalúrgica Felipéia; o Batuque Quebra Quilos toca junto com a banda Alínea 11 na Praça Cristo rei, em Mangabeira; e no domingo os índios mirins tupinambás vão estar a feirinha de Tambaú.

As apresentações estão programadas para começar às 16h30, mas a partir das 15 horas a agitação cultural tem início, com o funcionamento da rádio difusora Curto Circuito que, a cada mês, vai contar com a locução de um ator paraibano diferente. Nos quatro primeiros fins de semana do projeto, a voz que vai embalar a programação é de Ingrid Trigueiro. Poetas e atores vão promover performances nos locais e o público vai poder interagir com os artistas.

Atrações fixas no Centro e Bica

Paralelo ao Curto Circuito, a Funjope vai realizar outros dois eventos semanais com atrações e locais fixos. Um deles é o Quarta no Pavilhão do Chá, com a Banda 5 de Agosto, que deve executar marchinhas e dobrados de compositores paraibanos. O outro é o Domingo no Parque, que vai levar para o Parque Arruda Câmara a Orquestra de Câmera e arte educadores, que vão fazer atividades culturais com as crianças. E no primeiro domingo de cada mês, a orquestra vai receber um convidado para um concerto especial.

Luís Carlos explicou que essa programação está entre as primeiras definições do órgão, que está contando com orçamento apertado. Por isso ele está planejando eventos que exijam um investimento menor, em espaços onde já haja local que sirva como palco ou como arquibancada e levando atrações que possam se apresentar no formato acústico. As atrações também entram como parceiras, aceitando um cachê menor. O orçamento mensal de todo o projeto é de cerca de R$ 7 mil.