segunda-feira, janeiro 17, 2005

Turismo movimenta “negócios de verão” em João Pessoa

Matéria de Luzia Joana, do Jornal da Paraíba

O verão começou há pouco mais de vinte dias. O Nordeste com suas praias de água quente e de rara beleza são atrativos irresistíveis. Em João Pessoa, nesta época do ano, o turismo cresce e a beira-mar fica repleta, todos querem aproveitar os prazeres do sol. Comércio a beira-mar é sinônimo de variedade, de artigos para usar na praia, como protetor solar e boné, a comida como mariscos e churrascos, além de passaporte para passeios naúticos e até aluguel de bóias. Tudo pode ser encontrado.


Nas areias da praia, os pequenos comerciantes criam seu espaços de trabalho, oferecem seus produtos e tiram seu sustento. O trabalho é árduo e, em geral, começa cedo e só acaba quando a mercadoria está vendida. A comerciante Marinalva Rodrigues dos Santos sempre leva seu carrinho, onde tem um pequeno fogareiro a carvão para a praia do Poço, em Cabedelo, nos finais de semana e feriados. A comerciante monta um pequena tenda, espalha cadeiras plásticas e mesinhas onde os clientes se servem da deliciosa fava com mocotó, mariscos ou da picante feijoada. Fava debaixo do sol escaldante? Parece improvável, mas segundo Marinalva, “as pessoas vêm comer fava para tirar ressaca, para levantar o moral”, afirma. Segundo ela, “ a comida serve como uma espécie de caldo, um alimento forte”.

As comidas são preparadas diariamente. Não dá para guardar par o dia seguinte, mesmo porque tudo que é produzido é vendido. “Não chega o meio-dia, eu já tenho vendidos os caldeirões de comida que trago para a praia. A feijoada, cozinho na praia mesmo, trago as verduras picadinhas, o feijão catado e aqui coloco no fogo. Já a fava e os mariscos faço em casa“, disse.

No final da manhã, tem conseguido faturar cerca de R$ 100. O prato de fava é o mais caro, vendido a R$ 2,50. Já o prato de mariscos e a feijoada saem por R$ 2,00, cada. Para o funcionário público, Leonardo Santos, “uma favinha a beira-mar é um tira-gosto sem igual. Aumenta o prazer de estar na praia, curtindo a vida” .

Para quem quiser outro tipo de tira-gosto, um produto encontrado em toda a orla são os espetinhos, cada um custa e média R$ 1,00. Pode ser encontrado desde o espetinho de queijo, ao de linguiça calabresa, frango, coração e moela. “O pessoal que tá na praia gosta de ficar o dia beliscando um coisinha salgada, tanto para acompanhar a cerveja, como o refrigerante” disse Tereza Cristina Gomes, comerciante que na alta estação coloca seu carrinho de venda de espeto na areia da praia do Poço ou de Camboinha.

Com a venda dos espetinhos, Tereza consegue apurar R$ 40,00 por dia, chegando a garantir uma renda superior a um salário mínimo por mês. Para tanto, ela conta com ajuda do filho, Lucas Gomes. Ele oferece o produto aos clientes nas mesas dos bares próximos ao carrinho de espeto e a àqueles que optaram ficar a beira-mar protegidos sob guarda-sol. “Em geral, eu trago 20 espetinhos de cada tipo carne todo final de semana, fico assando enquanto o meu filho sai com eles em mãos oferecendo aos banhistas” declarou.

Roupas são vendidas nas praias

Ainda aproveitando o verão e o aumento do fluxo de pessoas na praia, os comerciantes informais aproveitam as diversas oportunidades de negócio. Josefa Rodrigues Duarte, há oito anos, coloca sua barraca com produtos típicos da estação. Ela vende de canga de praia, ao custo de R$ 29, a bíquini, R$ 30, protetor solar , R$ 20, viseira R$ 10, a pequena lembrança como chaveiro com nome da cidade, R$1, e camiseta com os turísticos de João Pessoa, R$10.
Um dos lugares de melhor vendas durante a alta estação é nas proximidades do bar do Marcão no Poço. Mas segundo a Josefa Rodrigues, não dá para ficar num local fixo, o comércio é acima de tudo intinerante. “Eu vendo meus produtos da praia do Poço ao Seixas, meu marido coloca tudo no carro, inclusive a minha barraca, vamos tentar melhorar a venda noutros locais” afirmou. Dona Josefa apura por dia entre R$ 100 e R$ 300. A venda de CD's piratas, na orla, também é um comércio tipicamente itinerante e com cliente cativos. (LS)

Empresas oferecem passeios náuticos

Para quem quiser conhecer um pouco mais do Litoral paraibano, não é difícil encontrar empresas que organizam passeios náuticos. Tanto nas calçadas da praia de Tambaú, quanto na praia de Camboinha, são vendidas passagens para os passeios. Um dos lugares mais freqüentados é Areia Vermelha, que fica a 10 minutos da costa.

O nome Areia Vermelha vem da coloração das suas areias sempre avermelhadas. Quando a maré está baixa, o local fica ocupado por dezenas de barcos, que para ali fluem, promovendo grande animação. Durante cinco horas, é possível desfrutar do lugar, quando, novamente a maré cobre a ilha e guarda para si a beleza das águas transparentes onde peixes podem ser vistos sem necessidade de uso de equipamento de mergulho e ficam ao alcance das mãos. As inúmeras piscinas que se formam na ilha são encobertas e desaparecem até a próxima maré baixa.

Os passeios seguem a variação da maré. Segundo Franscisco Melo, sócio da empresa 100% Lazer, “se o turista observa o horário em que o mar está baixando é possível aproveitar 4 horas na ilha, duas horas de maré secando e 2 horas, enchendo”. O passeio sempre feito por barcos sai a R$ 10 por pessoa. A empresa chega a transportar cerca de 220 pessoas por dia através de 4 embarcações com potencial para levar 30 e uma embarcação maior que leva até 100 pessoas.

Segundo Melo, a maioria dos visitantes são turistas, principalmente portugueses. “O turista portugueses ficam encantados com a beleza das praias parabainas, do Litoral Sul ao Norte. Mesmo quando está chovendo, eles querem conhecer os lugares querem sair para passear de barco, ficam espantados com a temperatura da água sempre quente, em especial para quem vem da europa” declarou. (LS)

Aluguel de bóias vira boa opção de renda

Para quem vai as praias no verão um dos produtos mais úteis, encontrado basicamente nas praias do Poço e Camboinha, é o aluguel de bóias salva-vidas. Com o aluguel, os adultos ficam livres da tensão de ver os filhos se afogar e as crianças ficam no mar brincando de forma segura.

A procura pelas bóias costuma ser intensa, em especial pelos pais de crianças pequenas. “Eu passo a manhã tomando sol tranquila enquanto meu filho se diverte tranquilamente na bóias, ele prefere a que tem figura de bichos”, afirmou Maria Augusta da Silva, mãe de Carlos Augusto com apenas 5 anos. “Acho que é um preço que vale a pena pagar, R$ 1 por hora são muitos fios de cabelo branco a menos” acrescentou.

No verão diariamente os comerciantes informais expõem as bóias para alugar. Para Rafael Araújo, que junto com o primo, Carlos dos Santos, colocam diariamente, 8 bóias para alugar no período das 9 horas às 15 horas, na praia do Poço. O negócio chega a render R$ 50. Entretanto, Rafael, um garoto com apenas 18 anos, disse que já há uma certo grau de saturação no mercado. “Tem dias que entre 5 e 8 pessoas fazendo o aluguel e a gente fica a disputa é intensa”, afirmou.