sexta-feira, dezembro 10, 2004

Erosão ameaça a avenida Cabo Branco

Matéria de Philio Terzakis - Jornal da Paraíba

A barreira do Cabo Branco não é a única vítima da erosão que está destruindo a falésia do ponto mais oriental das Américas. Parte da avenida Cabo Branco também corre o risco de desmoronar a qualquer momento. O trecho ameaçado se localiza no final da via, no alto da ladeira que dá acesso à Avenida Panorâmica. Fotos aéreas mostram que a erosão já cavou um buraco na rocha e que o deslizamento de terra está em um estágio bastante avançado.

As fotos foram feitas por uma agência imobiliária e analisadas pela Secretaria de Planejamento (Seplan) do município. “Na verdade, ninguém pode prever se a barreira cai hoje ou amanhã. Mas o perigo existe”, ressaltou a engenheira da Seplan Tânia Nóbrega. Ela também ocupa o cargo de secretária-executiva da comissão formada no mês passado, com o objetivo de tomar medidas para evitar outros desmoronamentos naquela área.

A comissão, que reúne vários órgãos, se reunirá na tarde da próxima segunda-feira, para discutir mais uma vez a situação da barreira. Os técnicos deverão pedir o desvio do tráfego da Avenida Cabo Branco. Dessa forma, o acesso ao Altiplano Cabo Branco seria feito apenas pela Avenida Beira-Rio. “Os perigos são maiores do que se imagina. Aquela barreira é toda feita de arenito e esse material é muito frágil”, advertiu Tânia. Ela acrescentou que a fragilidade da falésia impede até mesmo o plantio de vegetação no local, o que poderia retardar a erosão.

FAROL

De acordo com a engenheira, o Farol do Cabo Branco também está ameaçado, apesar de sua distância da barreira. “Sem o farol, a navegação daquela área ficará bastante difícil por causa dos corais. Se o farol não puder fazer a sinalização, os navios vão encalhar”, explicou.

As fotos foram repassadas para a Seplan pela ONG Amigo das Praias. O vice-presidente da entidade, Eugênio Carvalho, confirmou o perigo de desabamento da avenida. “O problema é que, no meio daquela subida, a barreira está bem próxima da pista. As fotos foram tiradas há dois anos, e o processo de erosão é contínuo e irreversível. Vai cair mais cedo ou mais tarde. Talvez mais cedo do que se pensa”, afirmou. “Ninguém esperava que a mureta ia cair, e ela caiu.”

Ibama não aceitou projeto da Prefeitura

Por enquanto, a Prefeitura de João Pessoa não pode fazer muita coisa para salvar a barreira do Cabo Branco. Além da mudança de administração que se aproxima, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não aceitou o projeto enviado pela Prefeitura, com a explicação de que o estudo e o relatório de impacto ambiental (Eia-Rima) apresentados não oferecem dados suficientes para a análise do projeto.

No momento, apenas medidas paliativas poderão ser tomadas para tentar conter a erosão, de acordo com a engenheira da Secretaria de Planejamento (Seplan), Tânia Nóbrega, que também é secretária-executiva da comissão formada para tomar medidas quanto ao problema. Também fazem parte da comissão o Ibama, o Corpo de Bombeiros e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep), entre outros órgãos. “A elaboração de um novo Eia-Rima depende de estudos que serão feitos durante um ano inteiro e as quatro estações”, explicou Tânia. Ela afirma estar estudando a documentação enviada pelo Ibama para elaborar um projeto em conformidade com as regras.