terça-feira, março 08, 2005

Empresas aéreas reduzem preços de passagens

Fonte: Folha de São Paulo

A Gol anunciou ontem uma reestruturação tarifária que reduzirá seus preços em até 56% e que, na visão de especialistas, pode ser o estopim de uma guerra de tarifas no setor. A principal prejudicada será a Varig, em situação financeira cada vez mais delicada.

A reformulação de preços foi atribuída pela Gol à necessidade de consolidar o conceito de "low cost, low fare" [baixo custo, baixa tarifa] da companhia. A idéia, diz Tarcísio Gargioni, vice-presidente de marketing e serviços da empresa aérea, é aproveitar a baixa temporada para isso.

A Varig também anunciou preços promocionais, na última sexta-feira, mas os restringiu aos vôos dos próximos dias 25 e 26, durante a Páscoa.

Entre analistas, a visão é que a decisão da Gol de reduzir tarifas é uma resposta ao crescimento da demanda em fevereiro, de 5,8% ante mesmo mês de 2004, abaixo do registrado por Varig e TAM (respectivamente 14,6% e 43,6%). Aventa-se também a possibilidade de que a aérea, em parte, queira desestabilizar ainda mais a Varig.

Os salários na Varig estão atrasados e a empresa tenta negociar prazos maiores para pagar combustível. Além disso, oito aeronaves da frota da empresa estão paradas, pois a aérea não tem dinheiro para repor suas peças.

Em um período de baixa temporada, fica especialmente suscetível à redução nas tarifas por parte de outras companhias.

Gargioni nega que a Gol, que hoje divulga resultados muito favoráveis em seu balanço do quarto trimestre de 2004, esteja tentando ganhar "market share" ou balançar a Varig."O objetivo não é ganhar mercado, é consolidar nosso conceito", afirma. "Nosso crescimento não foi maior porque não tínhamos como absorver a alta da demanda por não termos recebido aeronaves. O problema foi falta de oferta", completa. A empresa passa a operar mais dois aviões a partir do final deste mês.

O receio da guerra tarifária também surge porque as principais aéreas pretendem importar muitas aeronaves neste ano. O receio é que a elevação na oferta seja maior do que a alta da demanda.

Quando há excesso de bilhetes aéreos ofertados, a tendência é as empresas baixarem preços para atrair passageiros. Como o consumidor no Brasil é muito sensível a preço, a possibilidade de essa situação passar para uma briga de tarifas é muito alta.

Isso favorece o passageiro, mas corrói a geração de caixa das companhias aéreas, que oferecem preços mais e mais baixos para evitar a debandada de seus passageiros.

Restrições

As tarifas que foram reduzidas pela Gol -os novos preços começaram a valer ontem- estão sujeitas a diversas condições, como a compra da passagem pela internet, antecedência e realização da viagem fora dos horários de pico.

"Os preços mínimos estarão disponíveis em horários específicos e contemplam horários e vôos específicos em quantidades limitadas", diz texto encaminhado ontem pela companhia aérea.

A Gol informou que sua promoção está de acordo com a regra estipulada pelo DAC (Departamento de Aviação Civil) para vôos domésticos, que diz que o desconto deve ser no máximo 65% da tarifa cheia. Ontem, o site da companhia aérea ficou congestionado durante boa parte do dia.