Fonte: Cristina Massari - Globo Online
SÃO PAULO - O presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), José Zuquim, acusou a operadora de turismo CVC e a companhia aérea TAM de estabelecerem uma "relação incestuosa", referindo-se ao possível favorecimento da operadora em negociações de condições de mercado. A afirmação foi feita durante o painel "A verticalização de produtos e o impacto na promoção e distribuição", que encerrou o Fórum Panrotas - Tendências para o Turismo 2005, em São Paulo.
- No Brasil, não há verticalização. A CVC ainda não tem aviões. O que existe é a presença do 'maior' e do 'mais forte' do mercado e uma relação incestuosa da operadora com a companhia aérea - alegou Zuquim, acrescentando que existe uma situação de gigantismo no mercado que não levou à ampliação do segmento de lazer.
O presidente da CVC, Guilherme Paulus, retrucou as acusações de Zuquim, afirmando que as condições obtidas pela operadora são frutos de negociações feitas no mercado.
- O mercado está aberto para todos. Há pessoas mais e outras menos competentes para negociar. A cada ano, tentamos melhorar as condições de mercado. As oportunidades estão abertas e eu pago o preço de mercado. Tenho volume e tenho clientes - contestou.
Em seguida, Paulus referiu-se à companhia de fretamentos e operadora BRA/PNX, que também optou pela verticalização, como um exemplo de empresa que busca seu espaço no mercado. Diante da análise do concorrente, Walter Folegatti, diretor da BRA/PNX acrescentou que optou pela verticalização porque o mercado não lhe atendeu:
- Cansei de ser destratado pelos fornecedores. Como temos como características trabalhar com volume, o primeiro problema que enfrentamos foi a falta de assentos em 1997. Então resolvemos trazer um avião, constituindo a BRA em 1999. Depois, fomos atrás do hotel porque a hotelaria nos desprezava - explicou.
O presidente da CVC ressaltou ainda que está diversificando a atuação do grupo porque o mercado já não atende a demanda da operadora.
- A Gol não tem disponibilidade nem espaço para atender a CVC. A TAM e a Varig têm disponibilidade e nós estamos fretando vôos quando isso é possível - alegou.
Já o presidente da BRA justificou seu posicionamento acrescentando que a verticalização faz com que os preços diminuam.
- Eu ofereço Porto Seguro, incluindo refeição, a R$ 500 pagando R$ 60 mensais. O zelador do prédio onde moro é meu cliente. A proposta de quem quer verticalizar é trabalhar na base da pirâmide. Queremos atender a população brasileira e isso é inclusão.
O diretor da operadora Agaxtur, Aldo Leone Filho, reivindicou direitos iguais nas condições de negociação com os fornecedores, como companhias aéreas e hotéis.
- Não se pode restringir as negociações pelo volume de vendas. Queremos respeito dos fornecedores e ter acesso a tarifas suportáveis. Atualmente é tamanha a diferença de tratamento que não é possível competir.