Fonte: Adriana Moreira - Estadão
São Paulo - Elas gostam de rappel, mas nunca dispensam o protetor solar nem o repelente. Adoram trekking, mas no final do dia querem um chuveiro quente e uma cama confortável. Aos poucos, as mulheres vêm tomando gosto pelo turismo de aventura e, em alguns casos, já são até maioria.
Na operadora Chão Nosso, 70% dos clientes são do sexo feminino. "As mulheres gostam de conforto - e pagam por isso. Os homens não se incomodam em sair com uma mochila nas costas e dormir em barracas", explica a consultora de viagens Luciana Mayumi Ootani. "Já chegamos a dar desconto para os homens em alguns destinos."
A Pisa Trekking também tem nas mulheres seu maior público. Geralmente, elas têm mais de 28 anos e situação financeira estável. Muitas vezes, fazem a viagem sozinhas e querem conhecer novas pessoas. Outra empresa que tem notado a mudança no perfil dos clientes é a Ambiental. Entre os destinos mais procurados por elas estão as Chapadas dos Veadeiros e Diamantina - especialmente o Vale do Pati. Segundo a operadora, os roteiros que incluem mergulho também são bastante procurados.
Em Brotas, no interior do Estado, o público feminino também tem se tornado cada vez mais presente. "As mulheres são até mais corajosas", garante Fábio Dequeche, proprietário da Território Selvagem, agência local de esportes de aventura. "Muitas vezes, são elas que convencem os namorados a encarar um rafting ou um rappel."
Na FreeWay, no entanto, os destinos de aventura ainda são pouco procurados por mulheres. Normalmente, segundo a operadora, elas só fazem algumas atividades que acompanhem o roteiro. Um sinal de que as mulheres ainda estão descobrindo o sabor da adrenalina.
Ter pique para agüentar uma prova de cinco dias, praticamente sem dormir nem tomar banho e comendo mal durante uma corrida de aventura não é para qualquer um. Além de um excelente condicionamento físico, é preciso gostar do assunto para aceitar o desafio. Por isso, as mulheres são artigo de luxo nas principais competições do setor. "Para competir por premiação, os grupos precisam ter pelo menos um elemento do sexo oposto", explica Said Aiach Neto, organizador da Ecomotion Pro, prova de aproximadamente 500 quilômetros e cinco dias de duração. "Como ainda há poucas mulheres nas corridas de aventura, as boas atletas são muito disputadas - muitas vezes, até pagas para mudar de equipe."
Outro esporte com pouca adesão feminina é o parapente. "O número de alunas aumentou, mas ainda é pouco em relação aos homens", explica o instrutor Adezílio Freitas Andrades, da Glider Brasil. "Ao contrário do que muita gente pensa, não é preciso força para controlar o paraglider, e sim, técnica."