Fonte: Cruzeiro Net
A popularização das viagens turísticas, com a comercialização de pacotes rodoviários, rodoaéreos e aéreos, a preços mais acessíveis e parcelados em vários meses, como são vendidos os bens duráveis de consumo, permitiram a uma camada maior da população brasileira viajar e conhecer destinos turísticos antes só acessados por famílias de maior poder aquisitivo.
Apesar da demanda crescente de passageiros, inclusive nas viagens menos econômicas e até para o Exterior, dos 60 milhões de clientes em potencial que o país tem para o mercado de viagens turísticas, somente 15% praticam o turismo e é preciso "explorar" os 45 milhões que ainda não aderiram a essa prática, analisa o jornalista econômico Joelmir Beting.
Segundo o analista, na Europa, o índice chega a 83%; em países como a Itália, Espanha e França atinge 100%; na Grécia, 80%; no México e no Chile, 70%; na Argentina, 50%, e na Ásia, 30%.
Os dados foram apresentados por Beting durante palestra para cerca de 600 agentes de viagens, presentes ao 11º Workshop CVC, promovido no Expo Center Norte, em São Paulo, na semana passada. A palestra de Joelmir aconteceu no dia 16, e, no dia 17, falou aos empresários do turismo o antropólogo sorocabano Luiz Almeida Marins Filho.
Para Beting, o turismo é a indústria do otimismo - por necessidade ou por vocação - e uma das grandes alternativas para o desenvolvimento econômico brasileiro no século 21. O principal mecanismo para o incremento da economia e desenvolvimento social está no agronegócio, enfatiza o analista. "O turismo é o epicentro da moderna indústria do entretenimento e o Brasil oferece várias correntes para o crescimento dessa atividade", ressalta.
O agronegócio, entretanto, já está dando frutos e lucros para os empresários do setor e há previsões de que, em 2030, o Brasil prevalecerá neste segmento sobre outros mercados do primeiro mundo, segundo Beting.
Quanto ao turismo, embora o número de viajantes ainda esteja muito aquém do potencial existente no país, inclusive para roteiros nacionais, Beting afirma que as viagens a lazer já fazem parte da "cesta básica" de muitas famílias brasileiras que as incluem no orçamento doméstico, mesmo que seja um roteiro de 7 dias.
Mudança de postura
Na sua explanação aos empresários, o antropólogo Luiz Marins enfatizou a necessidade dos agentes de viagens estarem sintonizados com as mudanças que vêm ocorrendo entre empresas e clientes em vários ramos de atividade e também no segmento do turismo.
Afirma que o turista moderno, principalmente o europeu e o americano, estão mais interessados em turismo ambiental, roteiros de ecoturismo e nisso o Brasil é imbatível, considera Marins. Outro setor do turismo que cresce aceleradamente no país é o de eventos e negócios, cita o antropólogo.
A dinâmica desse mercado está exigindo dos empresários do setor uma mudança na postura, para manterem-se competitivos. Marins frisa que hoje o que faz a diferença entre os agentes de viagens, nas relações com os clientes e com o mercado em si, é a capacidade de prestar serviços de qualidade, de cumprir contratos, de antecipar-se às necessidades dos clientes e de surpreendê-los, sempre. "O empresário brasileiro ainda pensa que o cliente só quer preço e isso não é verdade, todas as pesquisas mostram que o fator custo está em 4º ou 5º lugar", detalha Marins.
A diferença está num conjunto de fatores - que inclui presteza, rapidez, solicitude, conhecimento, preço e interação efetiva com os clientes -, mas os empresários têm que conscientizar-se também de que são eles os gestores das mudanças e trabalhar no sentido de concretizá-las, ao invés de ficar "chorando" ou esperando que a situação econômica do país seja altamente favorável para os negócios empresariais, aconselha o antropólogo.
O empresário brasileiro já se acostumou a viver e trabalhar na "gangorra" e nenhuma oscilação da economia pode afetar os determinados a crescer, argumenta Guilherme Paulus, presidente da holding CVC, formada pela CVC Operadora, agências de viagens, um hotel em Gramado, hotéis exclusivos no Norte e Nordeste, a CVC Eventos, agência de comunicação e a CVC Cruzeiros, que foi a promotora do evento, em São Paulo.
Paulus atribui o crescimento contínuo da empresa, que está há 32 anos no mercado, à diversificação gradativa dos negócios no segmento de turismo, atrelada à solidez financeira, rigorosa seleção de parceiros e fornecedores, investimentos em tecnologia e treinamentos e à valorização dos principais clientes, os turistas. Em 2004, a CVC transportou 1 milhão de passageiros e gerou mais de 120 mil empregos, diretos e indiretos, destaca o empresário.