Fonte: Jean Gregório/ Jornal da Paraíba
Pesquisadores da UFPB descartaram a utilização de gabiões para conter o deslizamento da Barreira do Cabo Branco. De acordo com os especialistas, o processo de erosão e de deslizamento que ocorre nas falésias “é um desgaste natural e está acontecendo em boa parte da costa brasileira” Eles afirmaram que a melhor medida para o deslizamento é não mexer com a base das falésias. A prefeitura da capital já tem em mãos um projeto que prevê a inserção de gabiões no local.
O professor Eduardo Galliza, da UFPB, disse que não teve acesso ainda ao projeto da prefeitura de João Pessoa e pre-fere não emitir opinião a respeito. No entanto, ele disse que é contra qualquer inserção de gabiões na área. “Já colocaram gabiões em Cabedelo e acabaram com a praia”, apontou. Para o pesquisador, o melhor é recuar a mureta de proteção do Farol já que não há grandes construções sobre a falésia.
O professor Roberto Sassi, pesquisador do Núcleo de Pesquisa dos Recursos do Mar (Nupremar) da UFPB, concorda com a opinião de Galliza e descartou a inserção de gabiões. Segundo ele, o mais viável é “um bom sistema de drenagem superficial no local para evitar infiltração, como também um projeto de revegetação da área”. O geógrafo disse que outra medida é fazer um recuo do farol do Cabo Branco.
Na última semana, o secretário de Infra-Estrutura de João Pessoa, Fred Pitanga entregou ao prefeito Ricardo Coutinho um projeto de uma das três consultorias. Nele está previsto a construção de um aterro para inserir 13.800 metros cúbicos de gabiões ao longo de toda falésia, uma espécie de gaiola feita de arame galvanizado, coberta de PVC e enchidas de pedras graníticas. Os gabiões serão colocados numa distância de três a quatro metros da barreira para evitar as ações das marés na base, que têm formado crateras e provocado a degradação das falésias.
O projeto, que deverá custar entre três e quatro milhões de reais, tem, “na prática, o menor custo benefício, além de ser o menos agressivo ao meio-ambiente”, revelou o secretário. Ele disse que as muretas de gabiões são atualmente as mais utilizadas para conter a erosão e deslizamentos de barreiras não apenas nos litorais do Brasil, mas em outros países.
De acordo com Pitanga, o projeto será discutido com algumas secretarias da Prefeitura sobretudo do Planejamento, Meio Ambiente e Turismo e, posteriormente, com as entidades ligadas ao meio ambiente.
No momento, o fluxo de veículos está interditado na barreira do Cabo Branco, mas a Prefeitura Municipal liberou, no último mês, a circulação para os pedestres. A suspensão do acesso de carros foi tomada como forma de prevenir novos deslizamentos no trecho.
Uma das causas dos desmoronamento é a fragilidade da barreira, que é formada em grande parte de areia. A falésia é castigada pela erosão natural, provocada pelos ventos, marés e chuvas.