Fonte: O Globo
O tráfego aéreo de passageiros internacionais atendeu às expectativas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), que comemorou um crescimento de 15,3% no volume de viajantes de janeiro a dezembro de 2004 em relação ao ano anterior. No mesmo período, o transporte de carga cresceu outros 13,4%, números que deixam a organização à vontade para estimar que, até 2008, a indústria poderá recuperar uma média de 6% de crescimento real anual.
De acordo com a Iata, os países do Oriente Médio e da Ásia, com destaque maior para a China, registraram aumentos de 24,8% e 20,5%, respectivamente, no volume de viajantes internacionais em relação a 2003. Os embarques e desembarques na América do Norte, principalmente entre os Estados Unidos e o Canadá, geraram cerca de 14,8% deste volume. Já os países da Europa ocuparam a terceira posição no ranking, registrando um crescimento de 10,1% no tráfego aéreo internacional de passageiros, tanto entre países da região quanto entre destinos no exterior.
Na América do Sul, que conta com o Brasil e a Argentina como os principais mercados, a Iata aponta um crescimento de 12,7% no tráfego de passageiros em vôos internacionais em relação a 2003. Os dados se aproximam dos bons resultados apontados pelo Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), que reúne os dados no setor no Brasil. Segundo o Snea, o tráfego de passageiros em vôos internacionais cresceu 8,1% no Brasil em 2004 em relação ao ano anterior. Na prática, o país acompanha a média regional de crescimento apesar da crise enfrentada pelo mercado doméstico - agravada pela constante perda de participação da Vasp no mercado e pelos esforços da Varig em se reestruturar mesmo com bons resultados operacionais.
Na opinião de Giovanni Bisignani, diretor-geral da Iata, o crescimento do volume de passageiros é real, principalmente quando os dados são comparados a 2000, o último considerado efetivamente produtivo pela indústria - sobre o qual o volume de crescimento deste tráfego chega a 8,8%. Desde 2001, as transportadoras acumularam perdas equivalentes a US$ 35 bilhões, informou a Iata.
- A recuperação do tráfego de turistas em 2004 foi fenomenal em todas as regiões. Mas o maior desafio em 2005 será transformar este crescimento em lucratividade com a redução efetiva de custos na cadeia de valores - disse Bisignani.
De acordo com o executivo, cerca de 5% deste volume de crescimento apresentado em 2004 serviu para ajudar a indústria a se recuperar dos efeitos dos atentados terroristas de 2001 e da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave, da sigla em inglês) que atingiu a Ásia e o Canadá, analisou Bisignani. A expectativa é que a indústria cresça uma média real de 6% por ano entre 2005 e 2008.
A associação estima que as companhias aéreas que integram a organização - ao todo são 270 responsáveis por 94% do tráfego aéreo internacional - registrarão lucros de US$ 1,2 bilhão em 2005, estimativa baseada no custo de US$ 34 por barril de petróleo. De acordo com a Iata, as companhias aéreas perderam cerca de US$ 4,8 bilhões só em 2004, volume retido em parte pelas transportadoras que operam no conceito "baixo custo, baixa tarifa" (low cost, low fare), como a britânica EasyJet e a irlandesa Ryanair, e que não integram a associação.