quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Combustível de aviação baixa 9,5%, mas queda não reduzirá as tarifas

Fonte: Gazeta Mercantil

O combustível de aviação Jet1 (querosene) sofreu ontem uma redução de preço de 9,5%, rebaixando o aumento dos primeiros 45 dias do ano para 0,4%, mas é pouco provável que alguma companhia aérea transfira a diferença para as passagens, em benefício dos viajantes.

"Há apenas 15 dias tivemos um aumento de 9,6% que não foi repassado às tarifas", disse ontem um executivo do setor, que também explicou: "a instabilidade dos preços internacionais do petróleo obrigou a BR Distribuidora a adequar o preço final do combustível a cada 15 dias, e a indústria não tem agilidade para reagir imediatamente a cada uma dessas variações, modificando preços".

Bom começo

De qualquer forma, a redução no preço do insumo mais importante para a aviação comercial veio melhorar ainda mais o ambiente de euforia no setor. O Departamento de Aviação Civil (DAC) divulgou os dados referentes ao mês de janeiro, mostrando que 2005 já começou aquecido. O volume de passageiros transportados foi 12,9% maior que o de janeiro de 2004, um índice de expansão recorde desde 1999. Mais importante que isso, a média de ocupação de assentos das aeronaves comerciais, em linhas domésticas, subiu de 67% no primeiro mês do ano passado para 73%, mesmo com a oferta de assentos pelas companhias em atividade aumentando 2,5%. A oferta cresceu mesmo com a paralisação da frota da Vasp, que não forneceu dados para o levantamento do período.

O crescimento do volume nas rotas internacionais foi ainda mais expressivo: 16,8% em número de passageiros embarcados. A taxa média de ocupação das aeronaves subiu de 78% para 79%, comparando o mês de janeiro de 2004 com o de 2005.

Mantido o panorama atual, a aviação comercial brasileira prevê um crescimento geral de 8% no tráfego de passageiros domésticos durante o ano 2005. As ameaças para esta previsão são a possibilidade de uma eventual freada no atual ritmo da economia nacional; uma revisão para baixo no crescimento do PIB; uma alta exagerada da taxa do dólar; ou nova escalada do preço do combustível.

Pesos desproporcionais

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias - SNEA fez um levantamento sobre a evolução dos preços de diversos tipos de combustíveis e constatou que o querosene de aviação (QAV) foi o que teve o maior aumento. Desde 1999, o combustível que alimenta os grandes aviões comerciais sofreu sucessivos aumentos que somam 906%. Os índices de variação dos demais combustíveis durante o mesmo período foram bem inferiores: 441,3% para o gás liquefeito de petróleo (GLP); 427,3% para o óleo diesel e 266,7% para a gasolina automotiva.